Com Freud e Jung a mitologia voltou a ter uma visão acadêmica notória. O “simbolismo mítico” constitui uma das bases dos conceitos da psicologia de Jung, ele nos levou à compreensão de que o homem moderno chamado “civilizado”, sente e percebe o mundo da mesma forma que o homem antigo. A diferença entre os dois é que a humanidade moderna explica os eventos do mundo pela visão de “causa e efeito” e a humanidade antiga tinha uma visão “mágica” do mundo, isto é, explicava os mesmos eventos como sobrenaturais.
A humanidade antiga era inserida “física e psiquicamente” no mundo e a humanidade moderna enxerga o mundo de forma objetiva, negando sua “realidade psíquica” e crê estar dissociada da natureza.
Ora, o ser humano moderno nega as projeções do inconsciente e dá excessiva importância à objetividade, com isso desconsidera os “mitos” que estão justamente atuando na mediação entre o consciente e o inconsciente.
Inconsciente – é tudo o que já tivemos consciência mas esquecemos e não pensamos sobre aquilo no momento e também tudo o que percebemos com os sentidos, mas o consciente não registrou e depois poderá chegar à luz da consciência.
Com a psicologia de Jung pudemos voltar a entender e dar sentido aos símbolos, como os antigos que davam sentido ao mundo por meio dos mitos.
É justamente por existir uma imensidão de coisas que estão além da compreensão humana, que utilizamos os símbolos para representar conceitos que não entendemos integralmente. Por isso todas as culturas e suas mitologias empregam a “linguagem simbólica” para se expressar e nos expressamos simbolicamente o tempo todo, através da cultura com imagens físicas, palavras e também pelos sonhos, pois a cultura e os sonhos são linguagens da alma. Nós nunca percebemos ou entendemos uma coisa por completo, pois nossos sentidos tem suas limitações e diferenças em cada indivíduo, portanto cada um perceberá um fato à sua maneira e sob o limite de seu próprio conhecimento consciente.
E para mergulhar um pouco mais, ainda existem aqueles acontecimentos dos quais não tomamos “consciência”. Podemos até percebê-los em algum momento de intensa intuição e daí sim, percebermos o quão eram importantes e vitais ! Mas estes esclarecimentos só brotam depois, do nosso “inconsciente” como um pensamento ou um sonho.
O mais comum é que aspectos inconscientes nos sejam revelados pelos sonhos e aí bazinga! Caímos novamente na linguagem simbólica! Voltando ao homem antigo e moderno, observamos que até alcançar o estado civilizado + ou – 4.000 anos a.C. quando foi inventada a escrita, conseguimos clarear poucas áreas da mente humana; a maioria delas ainda estão mergulhadas em trevas, nossa psique não se reduz à nossa consciência ! Essa “consciência”, portanto é uma nossa aquisição recente e ainda experimental.
Um símbolo sempre carece de lógica, num primeiro momento. Utilizamos símbolos na representação de conceitos que não podemos entender e nem explicar integralmente e/ou logicamente . O símbolo também pode ser individual ou coletivo, o individual pode atuar numa pessoa de uma maneira e em outra às vezes nem atuar, porque pertence apenas aos elementos conscientes e inconscientes da primeira pessoa. O símbolo coletivo por sua vez é algo que reflete o inconsciente de um grande grupo de pessoas. O mito, sendo uma "narrativa simbólica" traduz o "símbolo" a nível racional e se nos apegarmos à forma física deste símbolo ele perderá para nós a possibilidade de interagir entre o inconsciente e o racional. Reside aí a diferença entre as religiões que utilizam apenas a imagem simbólica de um personagem mítico de suas escrituras, colocando-o como um ídolo a ser adorado e seguido no plano "eXotérico" astral (em emoções) e físico (em ações), enquanto que uma verdadeira "escola de mistérios" traduz a "mensagem simbólica" a ser colocada em prática no plano espiritual ou "eSotérico".
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