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Círculo Feminino do Árati Mudanças na consciência feminina se iniciaram no séc 18 com os primeiros movimentos de mulheres na vertente pessoal - o feminismo, a polaridade Yang. Nas últimas décadas, acrescentamos a vertente espiritual - a herança dos mistérios sagrados, a polaridade Yin. No início, estas duas vertentes fluíram de forma independente e às vezes polarizadas; mas hoje as duas sentam juntas em círculo e recriam o tecido da irmandade feminina. Elas se uniram juntando “Yin com Yang”. As mulheres buscadoras de crescimento transpessoal agora ouvem o apelo do planeta e usam sua sabedoria intuitiva para a transformação social. E as mulheres ativistas, agora fortalecem e inspiram suas almas em novas formas de atuação. Como diz May East: “É um privilégio estar viva neste momento crucial de despertar. Você é parte desta re-emergência, eu também sou. Isto está acontecendo nos mais diversos contextos culturais. É um fenômeno global. O processo de criação de uma nova cultura onde poder, beleza e mistério coexistem, não é algo que possa ser adiado, para tal precisamos nos engajar na jornada interna que leva à profunda transformação do registro patriarcal na psique feminina. A arte atemporal de participarmos de círculos, articulada de forma essencial por Jean Shinoda Bolen, revela a visão e revela um caminho.” O processo criativo-terapêutico, proposto pelo nosso Círculo Feminino, é uma jornada interior de retomada pela nossa essência do feminino e sua inserção na vida cotidiana. Um processo de autoconhecimento e autocura, seguindo a linha de trabalho profunda de mestras junguianas do sagrado feminino, que abrem nossos olhos da consciência diante de uma sociedade configurada em valores androcêntricos. As experiências que vivenciamos em conjunto vão agregando os elementos do caminho, então novos campos da consciência se expandem e novos princípios são compreendidos. “Quando um número crítico de pessoas transforma sua maneira de pensar e agir, a cultura também se transforma e uma nova era se inicia”. Jean Shinoda Bolen “Nos Círculos onde enxergamos a nós mesmas, nos ouvimos como a um milagre, e eu retomo uma canção que já foi minha” … Janice Mirikitani

O Feminino e o Sagrado

   Um novo Mitologema está emergindo e pede para ser integrado... A antiga Deusa que governou a terra e o céu, antes do advento do patriarcado. A Deusa é a guardiã da interioridade humana e está vindo à tona das profundas camadas da psique inconsciente. Ela desencadeia imensas forças destrutivas se não lhe prestarmos as honras e
       trilharmos a senda da transformação!

Diana de Versailhes

1- POR ONDE ANDA A METÁFORA ? Com a perda da nossa capacidade de simbolizar, o patriarcado foi sendo imposto como verdade fundamental, através do tempo e das distorções da linguagem simbólica dos mitos, dos contos de fadas e das tradições orais que recebíamos (e já deixamos de receber) de nossas antepassadas. Quem pensa viver fora de um mito está envolto pela ilusão subjetiva totalmente elaborada pelo seu intelecto, precisamos restaurar nossa capacidade de metaforizar urgentemente, pois nossa mente não alcança nossa alma. Com o fim da nossa infância, aprendemos a considerar inferiores as abordagens da realidade que não estejam alinhadas à racionalidade, mas até as descobertas da física quântica tem nos ensinado que a nossa percepção e visão racional da realidade, é ingênua! Através dos três últimos séculos passamos da era Mágica para a Mitológica e depois para a Mental na qual estamos perdendo as crenças que nos infundem “esperança e significação”, resultando em depressão e enfermidades.

2- A DEGRADAÇÃO DA PSIQUE A sociedade patriarcal em que vivemos sofre da ausência do conhecimento do que seja “linguagem simbólica”. É essencial entendermos a linguagem simbólica para que haja o mínimo de compreensão dos aspectos objetivos e subjetivos de todas as coisas, inclusive de nós mesmas. Quando ampliamos nosso conhecimento sobre o lado subjetivo que compõe o nosso ser, entenderemos que ele contém fatores psíquicos poderosos que pertencem à nossa totalidade e não podem ser destruídos! Quando não reconhecidos e banidos de nossa vida consciente, ficarão se interpondo entre nós e os fatos e objetos que vemos, então nosso mundo fica distorcido, pois nossa visão se torna reduzida e alterada pelo fator subjetivo que foi negado, mas saiba que ele está inconscientemente presente. No séc. 19, a ciência começou a negar tanto quanto possível os fatores subjetivos e psicológicos, excluía o elemento humano e tornou a vida um conceito mecânico, o que interessava era realmente a expansão dos próprios poderes e o controle consciente do mundo objetivo. O interesse na verdade científica tornou-se uma nova fé, porque no fundo estavam interessados no fator subjetivo, mas não sabiam disso porque o que pensaram ter eliminado havia apenas escapado de sua observação, mas motivava seu entusiasmo! Enfim, no séc. 20 começamos a perceber que a felicidade e a realização não eram encontradas através da produção em massa e das novas fontes de energia. Com as conquistas científicas crescia também a neurose, a infelicidade e a sensação de frustração e falta de entusiasmo real. Mas através do estudo do inconsciente encontramos uma maneira de nos reconciliarmos com os bárbaros dentro de nós. O poder e o prestígio separados das partes altamente desenvolvidas da psique, podem ser agora aplicados às partes menos desenvolvidas, de maneira a educá-las e elevá-las de sua condição de barbarismo e degradação. (estudos do livro "Os Mistérios da Mulher" de M. Esther Harding)

3- O RETORNO AO SAGRADO O aspecto feminino é interior, abstrato, intuitivo, difuso e subjetivo e tem sido amplamente negligenciado pelas mulheres. Isso ocorre porque em nossa sociedade patriarcal o aspecto masculino que é exterior, concreto, intelectual e objetivo é considerado como o mais importante porque pode ser visto “externamente” e se compromete com metas e resultados; enquanto o feminino busca significado e sentido profundo em suas vivências. A “energia feminina” como a “energia masculina” estão presentes tanto no homem como na mulher, elas são a conexão conhecida por nós como YIN–YANG vinda da sabedoria chinesa. Com a supervalorização da energia Yang pela nossa sociedade patriarcal, as mulheres facilmente foram levadas a falsificar seus valores existenciais e quando seus aspectos internos suprimidos saíam das sombras e vinham à tona, eram rotulados de “humores” como emotividade, nervosismo, fraqueza de temperamento e geralmente resultaram e ainda resultam em males psíquicos que geram males físicos. Agora o “Sagrado Feminino”, o aspecto subjetivo e abstrato está retornando, ou seja, a consciência de dualidade na mulher e no homem precisa ser urgentemente tratada. Na mulher urge a conciliação e reequilíbrio de suas energias masculina e feminina e ela tem que se voltar para aquele aspecto subjetivo rejeitado que a ciência do séc. 19 chamou de “superstição” ou uma questão de “humor”. Este aspecto subjetivo que chamamos de “sagrado” traz de volta a “sabedoria” que nos chega através dos “insights” intuitivos dos mitos e ritos que representam projeções ingênuas das realidades psicológicas e não são deturpadas pela racionalização. Afinal os povos primitivos não “pensavam” e sim “percebiam” através de um sentido intuitivo como de fato, ainda podemos fazer hoje. Sobre estes aspectos ainda teremos muito a nos aprofundar nos estudos em grupo.

4- QUEM SÃO NOSSOS "DEUSES"? Dr. Jung dizia que somos "tão possuídos" por nossos conteúdos psíquicos, como se eles fossem “deuses”, hoje chamados de fobias, compulsões, neuroses .... quando este “deus” não é reconhecido, a egomania se desenvolve e desta mania surge a doença. (do livro - Segredo da Flor de Ouro). Múltiplos arquétipos estão presentes em nós de forma latente e podemos então apresentar sobreposição de diversos “deuses”, isso porque eles podem pertencer historicamente a uma mesma figura de origem. Dê as boas vindas aos deuses arquetípicos! Não renegue às sombras seu mito particular, quando temos nossa própria realidade reconhecida e encaramos nossas contradições e bloqueios, nos permitimos caminhar na direção da unidade de nossa psique.

5- Círculo Feminino do Árati Nosso Círculo de Mulheres se reúne com o objetivo de unir forças, potencializando o re-conhecimento, o resgate e a vivência da energia feminina. O condutor do trabalho é o centro do círculo, é lá que o “fogo se acende” e gera a força propulsora de forma espiral na exploração subjetiva de cada tema. Quando o grupo se desenvolve em união e confiança, colocamos o pé no caminho do autoconhecimento e da interiorização, redescobrindo nossa essência. A Psicologia Simbólica e Arquetípica é nossa base de trabalho. Reuniões de estudo que nos proporcionem conhecimento sobre quem somos, o que fazemos, porque e para que fazemos, de onde viemos e para onde vamos. Atividades que nos proporcionem “despertamento e sabedoria” e elevem nosso despertar intuitivo e nossa capacidade de trabalhar no mundo transcendente e no mundo imanente. Permitindo então, que nossa consciência se amplie para além dos “pensamentos” (porque afinal nós não temos pensamentos, eles é que nos têm!) Reativando a nossa “função transcendente” perdida na convivência com o código moral patriarcal, conseguiremos alterar as estruturas patriarcais de nossos relacionamentos e transformaremos nossas relações pessoais. O objetivo do círculo em nossa vida prática, é transformar a parcela de patriarcado existente em nós, não mais aceitando o julgamento e as escolhas do sistema, porque as nossas próprias são obscurecidas por “ausência de consciência” mesmo quando “pensamos” que “refletimos”. A experiência no círculo gera o movimento consciencial de reconhecer e alterar nossas relações externas até alterarmos o mundo para uma era pós-patriarcal.

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