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 Carl Jung e a Gnose - A Psicologia Profunda
         
                    para a Era de Aquário

Jung no lago em sua casa
O Raio Dourado no Coração - Jung

"Os anos... em que busquei as imagens interiores foram o período mais  importante da minha vida. Todo o resto deve ser derivado disso . . . Toda a minha vida consistiu em elaborar o que irrompeu do inconsciente e me inundou como um riacho enigmático e ameaçava me quebrar . . . Tudo mais tarde foi apenas a classificação externa, a elaboração científica e a integração na vida. Mas o começo numinoso, que continha tudo, foi então."    Jung  1957

Texto 1 - AS RAÍZES ESPIRITUAIS DA PSICOLOGIA JUNGUIANA - A Psicologia de Jung delineia-se pela influência dos saberes gnósticos que permeiam sua obra. A chave com a qual ele abria as portas de sua consciência para alcançar tal profundidade, por cautela, não era revelada ou não poderia e nem deveria ser naquele momento! Em novembro de 1960, sete meses antes de sua morte, C. G. Jung sofreu o que ele chamou de "a mais baixa maré de sentimento que já experimentei". Ele explicou o sentimento em uma carta a Eugene Rolfe: “Eu tinha que entender que não era capaz de fazer as pessoas verem o que eu estou buscando. Estou praticamente sozinho, existem alguns que entendem (partes) disso ou daquilo, mas quase ninguém vê a totalidade … Eu falhei em minha tarefa principal: abrir os olhos das pessoas para o fato de que o homem tem um alma e há um tesouro enterrado no campo e que a nossa religião e a filosofia estão em um estado lamentável.” Não houve “falha” e sim a ausência de pessoas maduras o suficiente para tal conhecimento interior, sua obra revela um conhecimento a nível psíquico que perpassa a mente concreta, ou seja, só poderia ser alcançada com a visão do coração, que é o “campo onde está enterrado o tesouro da verdadeira alma” que não é apenas esta alma emocional à qual a psicologia se refere. A psicologia de Jung tem suas origens nas comunidades gnósticas no início da era cristã e sobre isso Jung afirma: "a cadeia intelectual ininterrupta de volta ao gnosticismo, deu substância à minha psicologia” A tradição gnóstica era de grande importância para Jung, mas a “comunidade junguiana ao redor dele não compartilhava de seus interesses e percepções”. Jung tinha acesso a poucos escritos gnósticos clássicos coletados entre avaliações escritas por opositores da tradição gnóstica. Ele podia falar sobre isto com pouquíssimas pessoas, auxiliou financeiramente a Gilles Quispel em 1952 a adquirir a primeira parte dos manuscritos em copta de Nag Hammadi e foi a primeira a alcançar mãos acadêmicas. Na avaliação de Jung, a maioria dos estudiosos de sua psicologia, negligenciam o fato de que o estudo da alquimia era conjugado historicamente com seus estudos gnósticos - o que é notado por tantas referências a textos alquímicos em muitos de seus livros. “Jung acreditava que, na alquimia, ele havia encontrado evidências cruciais para uma transmissão cultural ocidental duradoura da visão gnóstica”. Perto do fim de sua vida, Jung afirmou a Aniela Jaffé: “O principal interesse do meu trabalho não está em tratar a neurose, mas sim com a abordagem do numinoso”. Após a morte de Jung houve quase uma amnésia da Gnose na comunidade analítica, os Institutos Junguianos dedicaram-se ao treinamento clínico, porque como afirma o Dr. Ribi “culturalmente e profissionalmente, permanece problemático associar uma escola de psicologia clínica a uma heresia amplamente anatematizada intimamente emaranhada nas origens da Cristandade.” Este caminho seria mesmo o natural a ser seguido por estas instituições acadêmicas, pois a Gnosis autêntica realmente não se encaixa num contexto meramente acadêmico e nem filosófico. Chegamos às portas da Era de Aquário e não por “acaso”, a grande “chave” para entender a raiz da psicologia de Jung foi enfim publicada em 2009 - o “Livro Vermelho - Liber Novus” com os textos e as ilustrações profundamente simbólicas de Jung e os “Livros Negros”, ou “Cadernos de Transformação” publicados em 2021 onde ele revela os encontros com seus mitos internos. Toda esta literatura é um grande tesouro, maior ainda para quem nela adentra com o olhar de um coração desperto ! “Vejo a sombra da psicologia Junguiana principalmente no fato de que tudo que Jung descobriu, ele o fez tateando no escuro e sofrendo tremendamente, e suas descobertas foram dadas em nossas mãos” Marie Louise Von Franz - Estudo do livro “Turn of an Age” (A Virada de Uma Era) Dr. Alfred RIBI - por Wálmis Balielo

Texto 2 - A PROFUNDA BUSCA INTERIOR - Os Livros Negros Eventos visionários irão expor a experiência de base da associação de Jung com a tradição ocidental da Gnose, “a práxis perene” identificada por ele como “o antecedente histórico de sua psicologia”. Com cautela e consciência, ele optou por não compartilhar publicamente a chave experiencial para sua vasta obra. Ele também sabia que isso não seria (ao menos naquele momento) entendido. Esta chave está registrada em seus diários entre 1913 e 1932, os chamados “Livros Negros” ou cadernos de transformação (publicados em 2021). Estes diários deram origem ao “Liber Novus” - o Livro Vermelho - que veio a público antes, em 2009. Para compreender a totalidade de Jung, é imperativo que finalmente nos aprofundemos em sua visão gnóstica e nas maneiras como esta antiga raiz alimentou a tarefa de sua vida. Ele estudou materiais gnósticos por décadas, só que, antes da descoberta de Nag Hammadi e grande parte eram narrativas compostas por oponentes da tradição. Barbara Hannah registrou: “Ele [Jung] me disse mais de uma vez que os primeiros paralelos que encontrou com sua própria experiência foram nos textos gnósticos relatados pelo heresiologista Hipólito (170-235 dC). Em 1950, Jung explicou a situação que vivera quarenta anos antes, no início da experiência que produziu Liber Novus: “A psique não é de hoje; sua ancestralidade remonta a muitos milhões de anos. A consciência individual é apenas a flor e o fruto de um estação, brotou do rizoma perene sob a terra; e ela se sentiria mais de acordo com a verdade se levasse a existência do rizoma em seus cálculos. Pois a raiz da questão é a mãe de todas as coisas.” Ele relata que seu intenso estudo de mitologias por volta de 1911 o forçou a concluir que “sem um mito, um ser humano é como um desenraizado, sem nenhum vínculo verdadeiro nem com o passado, nem com a vida ancestral que continua dentro dele, ou ainda com a sociedade humana contemporânea." Jung continua: “Então eu suspeitei que o mito tinha um significado que eu certamente me perderia se eu vivesse fora dele, na névoa de minhas próprias especulações. Fui conduzido a me perguntar com toda a seriedade: “Qual é o mito que você está vivendo?” eu não encontrei resposta e tive que admitir que não estava vivendo um mito, ou mesmo em um mito, mas sim em um ambiente incerto, numa nuvem de possibilidades teóricas que eu estava começando a considerar com crescente desconfiança .. Então, me comprometi a conhecer “meu” mito, e considerei isso a tarefa das tarefas (…) eu simplesmente tinha que saber o que é inconsciente ou pré-consciente e qual mito estava me formando, de que rizoma eu nasci”. Então, na noite de 12 de novembro de 1913, ele iniciou sua portentosa tarefa. Estudo do livro “Turn of an Age” (A Virada de Uma Era) - Dr. Alfred Ribi por Wálmis Balielo

Texto 3 - A TAREFA DAS TAREFAS Livros Negros Vol. 2 - Em 12 de novembro 1913, no início de sua jornada, Jung escreve: “Uma grande tarefa estava diante de mim - eu via seu tamanho gigantesco e seu valor e sentido esquivava-se de mim. Encontrei-me na escuridão e tateando, segui minha trilha. Essa trilha levava para dentro e para baixo” “Minha alma, onde estás? Tu me escutas? Eu falo e clamo a ti - estás aqui? Eu voltei, estou novamente aqui - eu sacudi de meus pés o pó de todos os países e vim a ti. Devo contar-te tudo o que vi, vivenciei, absorvi em mim? Ou não queres ouvir nada de todo aquele turbilhão de vida e do mundo? Mas uma coisa eu aprendi: que a gente deve viver esta vida. Esta vida é o caminho, de há muito procurado para o inconcebível, que nós chamamos divino. Não existe outro caminho, todos os outros caminhos são trilhas enganosas. Eu encontrei o caminho certo, ele me conduziu a ti, à minha alma… Estou cansado, minh’alma, e deito minha cabeça em teu ombro. Durou demais a minha caminhada, a minha procura por mim fora de mim”(...) Este pequeno trecho é o começo das anotações de Jung, quando inicia sua jornada pela busca do divino em si, fazendo suas confidências mais íntimas e difíceis à sua alma (ânima). No “Liber Primus”, (primeira parte do Liber Novus) Jung confronta o próprio entendimento, que possuía até então como homem da ciência, do que fosse a alma:“Eu pensava e falava muita coisa da alma, sabia muitas palavras eruditas sobre ela, eu a analisei e fiz dela um objeto da ciência. Não tomei em consideração que minha alma não pode ser objeto do meu juízo e saber; antes, meu juízo e saber são objetos de minha alma. Por isso obrigou-me o espírito da profundeza a falar para a alma, a invocá-la como um ser vivo e subsistente em si mesmo. Eu tinha de entender que havia perdido minha alma (…) aprendemos o que o espírito da profundeza pensa da alma (…) que ela é um objeto dependente da pessoa, que se deixa julgar e ordenar e cuja extensão nós podemos compreender. Tive de reconhecer que aquilo que anteriormente designei como minha alma não foi na verdade minha alma, mas um sistema doutrinário morto (…) tive de falar à minha alma como algo distante e desconhecido, que não tem existência através de mim, mas através do qual eu tenho existência.” Na psicologia de Jung, a anima (alma) é definida como uma “imagem primordial ou arquétipo”, ela é um complexo funcional compensatório em relação à personalidade externa. Mas quando lemos o Liber Novus, podemos observar que ali ele descreve experiências que vão além das definições acadêmicas estruturais de sua psicologia. Ali ele utiliza, muitas palavras e expressões que conheceu nos Mitos Gnósticos. “A psique faz parte do mundo fora do Pleroma, está ao nível da astralidade, mas conhecê-la é o degrau por onde iniciamos a ampliação de consciência”. Se possuímos um mínimo de compreensão sobre a linguagem simbólico-mitológica dos gnósticos, reconhecemos nas palavras de Jung, o grande anseio que o direcionou em sua busca do si-mesmo pelos seus registros nos Livros Negros que mais tarde foram a base para o Liber Novus ou Livro Vermelho. No início do Liber Primus (parte 1 do Liber Novus), Jung nos fala: “Quando falo em espírito dessa época preciso dizer: ninguém e nada pode justificar o que vos devo anunciar. Justificação para mim é algo supérfluo, pois não tenho escolha, mas eu devo. Eu aprendi que além do espírito desta época, ainda está em ação outro espírito, isto é, aquele que governa a profundeza de todo presente. O espírito desta época gostaria de ouvir sobre lucros e valor. Também eu pensava assim e meu humano ainda pensa assim (…) Cheio de vaidade humana e cego pelo ousado espírito dessa época, procurei por muito tempo manter afastado de mim aquele outro espírito. Mas não me dei conta de que o espírito da profundeza possui, desde sempre e pelo futuro afora, maior poder do que o espírito dessa época que muda com as gerações. O espírito da profundeza submeteu toda vaidade e todo orgulho à força do juízo. Ele tirou de mim a fé na ciência, ele me roubou a alegria da explicação e do ordenamento, e fêz com que se extinguisse em mim a dedicação aos ideais dessa época (...) tomou minha razão e todos os meus conhecimentos e os colocou a serviço do inexplicável e do absurdo.. Ele me roubou fala e escrita sobre tudo que não estivesse (…) a serviço da interfusão de sentido e absurdo que produz o sentido supremo. (…) O sentido supremo é o trilho, o caminho e a ponte para o porvir. É o Deus que vem (…) o sentido supremo não é um sentido e não é um absurdo, é imagem e força ao mesmo tempo, glória e força juntas. O sentido supremo é começo e meta. É ponte de passagem para o outro lado e realização. “ Desenrola-se então a seguir, todo um diálogo entre o “espírito da época” e o “espírito da profundeza”. - Pesquisa e reflexões - Wálmis Balielo

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