O Poder do Mito
- Wálmis
- 28 de jun.
- 3 min de leitura

Religiões são mitologias mal
compreendidas. O mal-entendido consiste em interpretar símbolos mitológicos como se eles fossem fatos históricos.
Nós ocidentais focamos no lado histórico destes eventos sobre os quais as igrejas são fundadas.
Em todas as religiões do mundo, os mesmos temas mitológicos básicos estão presentes, mas eles são refutados como: ”mitologia é a religião dos outros, não a minha”.
Nossa confiança foi aniquilada pelo conceito de que Deus não está dentro de nós e sim nesta “sociedade sagrada devocional”, assim continuamos alienados de nossa divindade. Em nossa tradição não enfatizamos a experiência interior de identidade com o divino !
Numa “sociedade devocional” somos “doutrinados”, isto é, nos apresentam em que devemos crer ou não. Vivemos agora num período de comparações e não mais num horizonte religioso e cultural onde todos acreditam na mesma coisa. Temos a liberdade de nos jogarmos na “floresta da aventura” onde não há verdades ou leis para serem aceitas sem questionamentos. Com isso também, somando o acesso que temos a crenças orientais e ocidentais, podemos ficar desorientados; então o segredo para que isto não aconteça é aprendermos o “desapego” e permanecermos “abertos".
Esta é a grande “sacada” que a mitologia nos oferece. Precisamos urgentemente parar de usar frases como “mitos e verdades sobre…” como se mito fosse mentira! O mito sim é quem traz as verdades fundamentais através da “linguagem metafórica”, que pode inclusive ser interpretada em vários níveis psíquicos diferentes.
A mitologia não nos doutrina, mas nos coloca como “palco” onde o enredo do mito se passa, as personagens são partes de nós mesmos e do mundo que projetamos e vivemos. Com isso vamos conhecer nossas várias faces e suas peculiaridades, não estaremos mais focando nossa psique em “crenças” que existem apenas fora de nós. Crenças que nos guiam cegamente por doutrinas onde desempenhamos papel de espectadores. Nelas depositamos uma “fé cega” que nos traz vivências sem sentido e consonância com os anseios que acumulamos na sombra, e que mais cedo ou mais tarde surgirão como sintomas e serão provavelmente medicados.
Quando um mito nos é “desvelado” além e através de sua aparência histórica, é normal ficarmos chocados com estas “revelações” porque elas nos levam a enxergar uma dimensão psíquica da qual não tínhamos consciência. Mais surpresos ainda ficaremos quando percebemos o quanto esta dimensão psíquica inconsciente, dirige e fundamenta nossas tendências e ações conscientes.
Um mito bíblico conta que o profeta Jonas recebeu de Deus a missão de pregar em Nínive, mas ele fugiu para Társis. Durante a viagem, o navio é atingido por uma forte tempestade, Jonas então pede aos marinheiros que o atirem ao mar e a tempestade passa. Ele então, é engolido por um grande peixe e passa três dias orando. Quando então é vomitado em terra firme, ele volta a Nínive e cumpre sua missão. O que temos aqui senão linguagem metafórica? Vamos ver o simbolismo por trás das palavras usadas no mito?
O anseio da “centelha divina” (Deus) no coração de Jonas (Yonah-pomba), era de realizar uma grande “transformação” (Nínive), mas ele não atendeu o chamado, se afastando a um “lugar distante” (Társis). Jonas (agora o Ego) é atacado e aprisionado na “natureza cíclica da vida” (grande tempestade) e submerge em seu “inconsciente” (mar). É tomado por uma mudança “renovação espiritual” (peixe) quando passa “três dias” orando (tríade divina) e retorna para o “consciente” (terra firme) “transformado” (Nínive) cumprindo sua missão, com ego e personalidade controlados.
Wálmis Balielo
Fontes de pesquisa: Joseph Campbell e linguagem simbólica de várias fontes
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