Em Mitologia Comparada Ganesha, Thoth, Hermes e Exú são deidades arquetípicas simbolicamente similares que em seus mitos, têm a função de "psicopompos" -etimologicamente psyché (alma) e pompós (guia). Psicopompia, é o ato de realizar elos de ligação entre o consciente e o inconsciente. Faremos aqui pequenas considerações sobre cada um deles em quatro textos:
Ganesha - aquele que integra os opostos
Na Índia, entrar em novos negócios, iniciar o dia, viajar, fazer uma prova, qualquer coisa que se vá iniciar, realiza-se antes uma prece à Ganesha, rogando suas bênçãos para a remoção de obstáculos. A Ayurveda orienta que a imagem de Ganesha deve estar no canto nordeste da casa num local limpo e arrumado e nunca deve estar no chão e sim num lugar alto para que
Ganesha olhe pela família e a proteja. Pode ser colocado numa estante, pois é associado aos livros e à sabedoria. Na entrada principal da casa Ganesha a protegeria do mal e traria boa sorte a quem lá vive, acima da porta de entrada faríamos dele o guardião da casa.
Ganesha, Ganesh ou Ganapati é uma deidade "mensageira" que transita entre o consciente e o inconsciente. Seu nome significa senhor das tropas. Sendo um filho natural de Shiva e Parvati, ao nascer recebeu a visita de Shani (semideus que representa Saturno, senhor das adversidades e limitações), na presença dele então a cabeça de Ganesha se consumiu em fogo. Vishnu (que é a energia da preservação ) colocou então em Ganesha a cabeça de um elefante, este ato simbólico representa que Ganesha superou os obstáculos das adversidades e limitações (saturninas) através da sabedoria. Na Índia o elefante simboliza a sabedoria pois com seus ouvidos grandes, boca pequena, olhos pequenos ele "escuta tudo, fala pouco e aprende muito, sem se deixar enganar pelo que vê". A profunda sabedoria de Ganesha permite então que ele possa atuar em duas naturezas, a divina e a mundana.
Por isso Jung, com seu profundo conhecimento gnóstico (gnosis - do grego - conhecimento espiritual) o define como um psicopompo (que transita entre dois mundos). Em sua raiz mítica pré-ariana Ganesha, é descrito como Vighna-asura, demônio criador de obstáculos que liderava os Vighnas e que causavam problemas intermináveis se não fossem constantemente apaziguados. Durante um período longo de transição seu mito foi sofrendo a transformação pelo renascimento ao adquirir a sabedoria, passando então a simbolizar a superação dos obstáculos causados pelas "adversidades e limitações". Popularmente ele protege os devotos de todo o mal, desde que aprendam a distinguir a verdade da ilusão.
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