Em Mitologia Comparada Ganesha, Thoth, Hermes e Exú são deidades arquetípicas simbolicamente similares que em seus mitos, têm a função de "psicopompos" - etimologicamente psyché (alma) e pompós (guia). Psicopompia, é o ato de realizar elos de ligação entre o consciente e o inconsciente. Faremos aqui pequenas considerações sobre cada um deles em quatro textos:
III - Hermes - o mediador
Os estudos alquímicos nos falam de sete metais que adoeceram nosso sangue durante o processo de queda do ser humano para o eterno ciclo de vida-morte-vida. Entre eles o mais devastador "Mercúrio" que mergulha nossa alma na "auto-ilusão" até que aprendamos a cessar o movimento circular das criações ilusórias que nos aprisionam, religando nosso sangue ao aspecto verdadeiramente espiritual.
Hermes - nosso terceiro deus mensageiro - nos propicia a consciência destes dois aspectos, segundo Jung, Mercúrio é o "espírito inerente a todas as criaturas vivas". Portanto Hermes pode nos guiar no caminho para uma ascendência ou uma queda.
O mito de Hermes viaja por diferentes culturas, períodos e sofre sincretismos. Em sua origem grega ele é filho de Zeus e Maia e possui muitos atributos como a magia, a fertilidade, a eloquência, a diplomacia, sendo o patrono dos comerciantes, dos contabilistas, do discurso, das metáforas e ambiguidades. Em seu mito, no período helenista ele passou a ter a imagem de "intérprete da vontade divina" iniciando assim seu sincretismo com Thoth, vemos aí surgir o Hermes Trismegisto o "três vezes grande".
Atribui-se a ele o tratado "Corpus Hermeticum" (disponível em nossa loja) que possui em seu conteúdo uma eclética reunião de saberes sobre: religião, filosofia, divinação, teurgia, ritualística, esoterismo, magia, astrologia, ciências, política e alquimia, compilados sob correntes de pensamento egípcias, gregas, romanas e cristãs.
Sua filosofia, chamada Hermetismo foi e ainda é utilizada pelas escolas dos primeiros cristãos (não católicos), que hoje correspondem aos cristãos gnósticos. O símbolos de sua imagética são: o pétaso (chapéu usado pelos viajantes moradores da zona rural) adornado com duas asas, que por vezes aparecem brotando da própria cabeleira. O skeptron (cetro), uma varinha mágica que mais tarde foi assumindo novas formas e passou a se chamar kerykeion, o caduceu. Usa sandálias chamadas pédila que possuem asas para seu deslocamento com a rapidez do vento. Às vezes leva um manto ou capa que lhe confere invisibilidade.
Do ambíguo Hermes recebemos o Hermetismo (o saber oculto) e a Hermenêutica (ciência e técnica da interpretação). O psicopompo que transita entre o Olimpo (reino do céu) e o Hades (o submundo).
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